O ensinar e o aprender na configuração subjetiva do “ser” professor em tempos de pandemia da Covid-19

Dissertação — Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Departamento de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento, Programa de Pós-Graduação em Processos de Desenvolvimento Humano e Escolar, 2021.Reconhecendo as dificuldades e adversidades que em tempos de pandemia experimentam os professores que têm lecionado usando as tecnologias digitais da informação e comunicação (TDICs), realizamos uma investigação sobre as experiências docentes de ensinar e aprender em tempos de suspensão das aulas presenciais na perspectiva cultural-histórica. O objetivo foi compreender como os processos subjetivos gerados no ensinar e no aprender integram a configuração subjetiva do “ser” professor em tempos de pandemia da COVID-19. Adotamos como marco teórico a Epistemologia Qualitativa e a Teoria da Subjetividade de González Rey. A pergunta norteadora foi: como o ensinar e o aprender na pandemia configuraram subjetivamente o “ser” professor? A metodologia adotada foi a construtivo-interpretativa, baseada na construção de informações durante o processo dialógico que ocorre entre o pesquisador e o participante. A análise orientou-se pela elaboração de indicadores e hipóteses, que foram gerados na interpretação das informações pelo pesquisador em todo o curso da pesquisa, não apenas em um momento determinado entre a teoria e a empiria. Participaram da pesquisa dois professores selecionados de uma escola particular do Distrito Federal da área de Ciências da Natureza. Os resultados revelam que o ensino remoto emergencial é dispersivo e traz desafios para além do domínio das tecnologias, envolvendo a vivência em um contexto de isolamento social, a preocupação com questões de saúde pública e, consequentemente, o surgimento de tensões emocionais, que podem ser disruptivas e criativas. Concluímos que o ensinar e o aprender representam uma unidade sistêmica e dialética subjetivada pela forma como os professores foram disruptivamente deslocados em processos de aprendizagem para o ensino. É dizer que eles precisaram, solitariamente, aprender para ensinar porque os estudantes já não se mostravam como antes, eram “avatares” e ícones que mitigavam o olhar e a emoção típicos da comunicação social da sala de aula presencial. Isso nos levou a perceber a emergência de um novo tipo de aprendizagem de ensinar-aprender durante a pandemia, no qual os sentidos subjetivos, fruto da dimensão simbólica-emocional, estão subjetivados por movimentos dialético e recursivos. Propomos que os estudos sigam aprofundando na compreensão do desenvolvimento subjetivo de professores no uso recursivo das TDICs em tempos de adversidades, com vistas a gerar outros modelos teóricos.Recognizing the difficulties and adversities experienced by teachers who have been teaching using digital information and communication technologies (TDICs) in times of pandemic, we carried out an investigation into the teaching experiences of teaching and learning in times of suspension of classroom classes from a cultural-historical perspective. The objective was to understand how the subjective processes generated in teaching and learning integrate the subjective configuration of “being” a teacher in times of the COVID-19 pandemic. We adopted the Qualitative Epistemology and the Theory of Subjectivity by González Rey as a theoretical framework. The guiding question was: how did teaching and learning in the pandemic subjectively configure “being” a teacher? The methodology adopted was the constructiveinterpretive methodology based on the construction of information during the dialogic process that takes place between the researcher and the participant. The analysis was guided by the elaboration of indicators and hypotheses that were generated in the interpretation of information by the researcher throughout the course of the research, not just at a specific moment between theory and empirical. Two selected teachers from a private school in Distrito Federal in the area of Nature Sciences participated in the research. The results reveal that remote emergency teaching is dispersive and brings challenges beyond the domain of technologies, involving living in a context of social isolation, concern with public health issues and, consequently, the emergence of emotional tensions, which can be disruptive and creative. We conclude that teaching and learning represent a systemic and dialectical unit subjectified by the way in which teachers were disruptively displaced in learning processes for teaching, that is to say that they alone needed to learn to teach because students no longer showed themselves as before, they were "avatars" and icons that mitigated the look and emotion typical of social communication in the classroom, which led us to realize the emergence of a new type of teaching-learning learning during the pandemic in which the subjective senses result from symbolic-emotional dimensions are subject to dialectical and recursive movements. We propose that studies continue to deepen the understanding of the subjective development of teachers in the recursive use of TDICs in times of adversity, with a view to generating other theoretical models